Tubarão ou cação? Mitos e verdades sobre tubarões
Calcula-se
que os tubarões existam há cerca de 450 milhões de anos, sem grandes alterações
em sua morfologia,
o que sugere um bom nível de adaptação e evolução. Ocuparam diversos nichos ecológicos, desde os mares
tropicais aos oceanos Ártico e Antártico.
Estes
seres providos de estrutura corporal hidrodinâmica são criaturas importantes em
quase todos os ecossistemas marinhos. A quase
totalidade dos tubarões é marinha, carnívora e pelágica,
habitando águas costeiras e oceânicas da maioria dos mares e oceanos, quer na
sua superfície, quer na sua profundidade, mas existem espécies que podem
adentrar em riso por até 5.000 km.
Possuem
tamanho e forma variada, podendo medir de 15cm até 18 metros.
Além de coloca-los na mesa de
jantar, o homem vem a um bom tempo pesquisando os tubarões e descobrindo
novos usos médicos e substâncias com potencial farmacêutico. A idéia de que o
tubarão poderia realmente beneficiar a saúde humana foi estabelecida algumas
décadas atrás.
A vitamina A foi suprida primariamente
pelo óleo de fígado do tubarão até 1947, quando pela primeira vez foi
sintetizada em laboratório. Em 1916, um cientista japonês isolou do óleo de
fígado do tubarão uma substância denominada esqualena (hidrocarboneto), que
até hoje é empregada nas indústrias cosméticas e farmacêuticas, como base
para cremes de beleza, remédios e pomadas. O líquido oleoso era também, por
razões até hoje desconhecidas, altamente efetivo no retrocesso das
hemorroidas humanas. As pesquisas atuais indicam que o óleo de seu fígado
parece contribuir na produção de células brancas do sangue humano. Alguns
ácidos polinsaturados extraídos do fígado têm-se mostrado úteis como
anticoagulantes no tratamento de algumas formas sérias de ataque do coração.
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Existem
diversos outros exemplos da atual utilização do tubarão: o extrato de sua
cartilagem vem sendo usado de forma promissora como uma pele temporária no
tratamento de queimados, suas córneas vêm sendo transplantadas
experimentalmente em olhos humanos e seu sangue contém anticoagulantes que
poderão vir a ser utilizados na produção de novas drogas. Ainda assim, o que
mais tem ocupado os cientistas nessa área é saber por que os tubarões parecem
não ficar doentes.
Ainda que possuam um sistema
imunológico relativamente primitivo, os tubarões apresentam uma baixa taxa de
incidência de doenças em geral, dificilmente contraem infecções após sérias
feridas e raramente desenvolvem câncer. Experiências com substâncias
carcinogênicas bem conhecidas injetadas em tubarões não provocaram nenhuma
lesão e nem causaram qualquer tipo de dano genético que o tumor costuma deixar-nos
outros animais. E ninguém sabe por que isso acontece, porém sabe-se que essa
resistência ao câncer nada tem a ver com a sua cartilagem.
Pesquisas desenvolvidas nos
EUA com o cação-bagre (gênero Squalus) têm fornecido pistas interessantes para
a medicina. A proteína esqualamina, encontrada no estômago, fígado e vesícula
biliar desse tubarão, já demonstrou inibir o crescimento de tumores em cérebros
humanos. Descobriu-se também que quase todas as células de seu corpo contêm um
poderoso antibiótico. Esse novo composto, uma substância química da mesma
família do colesterol, não pertence a nenhuma classe de antibiótico conhecido.
Surpreendentemente, ele se mostrou bastante efetivo contra um grande espectro
de micróbios, incluindo fungos, bactérias e parasitas. Uma versão sintética
desse antibiótico vem sendo testada em uma grande variedade de doenças humanas.
Com relação ao fato de estarem
quase livres do câncer, os estudos nesse sentido estão direcionados na possível
descoberta de agentes anticancerígenos que possam no futuro serem utilizados em
nosso benefício. Ou seja, os tubarões podem um dia vir a salvar nossas vidas,
se já não estiverem extintos, é claro. Fonte
Instituto Aqualung.
Curiosidades sobre tubarões:
- Tubarão e cação são a mesma coisa, nome vulgar para quaisquer
espécies, popularmente chamado de cação
quando o homem come o animal e quando a animal se alimenta do homem ou provoca
um ataque, chama-se de tubarão.
Em muitos países asiáticos, a
sopa de barbatana de tubarão tornou-se uma iguaria servida em casamentos,
banquetes e jantares de negócios como símbolo de riqueza e status, movimentando uma indústria
milionária todos os anos. Entretanto, diversos especialistas, incluindo o
renomado chef inglês Gordon Ramsay, afirmam que a
barbatana em si não tem gosto algum, dando apenas textura à sopa, que é feita
com caldo de frango ou porco.
De acordo com dados da entidade United Conservationists, 50 espécies de tubarões estão na lista
de alto risco de extinção. Entre eles, o inofensivo tubarão-baleia, maior peixe
do planeta, que pode atingir até 18 metros de comprimento, não tem dentes e se
alimenta apenas de plâncton. Uma única barbatana de tubarão-baleia pode custar
cerca de $10 mil na China. Outras espécies ameaçadas de extinção são o
tubarão-branco, o tubarão-martelo, o tubarão-cabeça-chata (bull
shark) e até mesmo o tubarão-mangona (grey nurse shark),
muito comum na costa leste australiana.
Mitos e verdades:
MITO: Os tubarões não pensam. REALIDADE:
Falso. Em alguns aquários e laboratórios, tubarões foram treinados para golpear
objetos coloridos e formas com o objetivo de receber alimento. Também foram
condicionados para subir à superfície e se apresentar sozinhos para realizar
procedimentos veterinários. Estes condicionamentos demonstram que são capazes
de aprender.
MITO:
Os tubarões afundam se param de nadar. REALIDADE: Isso é verdade para a
maioria, mas não para todas as espécies. Os tubarões conseguem manter certa
flutuabilidade, mas se param de se mover, afundam pela ausência da bexiga
natatória cheia de ar, presente na maioria dos peixes vertebrados.
MITO: Os tubarões comem indiscriminadamente. REALIDADE: Falso. A
forma distinta das várias espécies de tubarões indica que possuem dietas muito
especializadas. Alguns tubarões, como o tubarão-mako, possuem dentes
pontiagudos e lisos para perfurar e capturar presas rápidas. Outros, como o
tubarão branco, possuem dentes serrilhados para arrancar e mastigar pedaços
grandes de carne. Outros possuem dentes trituradores planos, como o
Heterodontus francisci, adequados para comer crustáceos e moluscos. Por último,
existem dentes com funções muito específicas, como os do tubarão-tigre, que são
projetados para cortar através das carapaças das tartarugas marinhas, seu prato
predileto. Cada espécie possui uma dieta única, mas às vezes, podem confundir
sua presa natural com alguma coisa diferente… como pneus de borracha e
surfistas desavisados!
MITO: A população de tubarões é estável e não está ameaçada. REALIDADE:
Falso. Como resultado da pesca excessiva e da captura equivocada em redes e
linhas dirigidas a outras espécies, os tubarões estão em rápido declínio. Cerca
de 250 mil são mortos diariamente. Algumas populações estão em franco declínio,
como a do tubarão-martelo, que diminuiu cerca de 90% durante as últimas duas
décadas. Como grandes predadores do oceano, os tubarões ajudam a limpar os
mares, caçando peixes feridos ou doentes. Se sua proteção não for assegurada,
a, as populações de tubarões continuarão diminuindo.
Os tubarões abocanham para ver o que é, e
depois largam: O
mito de “uma mordidela” - que os tubarões por não terem visão apurada
abocanham só para ver o que é e depois seguem caminho – é um dos favoritos dos
conservacionistas. Mas Allan afirma que foi mordido três vezes e Glen Folkard
sofreu um ataque sustentado ao surfar na praia Redhead, Newcastle, em janeiro
do ano passado. Alguns especialistas acreditam que em alguns casos, um ataque de
tubarão pode refletir-se em múltiplas dentadas. Como por exemplo, em vários
casos registrados de tubarões brancos adultos. Em alguns deles, a vítima parece
ter sido totalmente consumida.
Quando há golfinhos não há tubarões: MITO: Não é verdade! Os golfinhos por vezes
tentam enfrentar os tubarões quando estes ameaçam um membro do grupo. Mas é
muito mais comum serem encontrados juntos, pois se alimentam das mesmas presas
e os territórios de caça são idênticos.
Ao contrário do que as pessoas pensam, os golfinhos
podem ser um sinal da presença de tubarões, em vez da crença comum de que os
afastam propositadamente.
Os fatos de neoprene pretos fazem os
surfistas parecerem focas: MITO: Afirma o especialista da CSIRO em grandes tubarões
brancos, Dr. Barry Bruce, acrescentando: - O tubarão branco alimenta-se de
focas apenas numa pequena altura do ano e estas não fazem parte da sua dieta
até eles terem pelo menos 3 metros de comprimento. Segundo os registros, o
típico tubarão branco que se encontra na zona de arrebentação mede menos de 2,5
m.
Ataques em massa: MITO: Em 2009, deram-se três ataques graves em
Sydney ao longo de três semanas. Cinco pessoas morreram em 10 meses na Austrália
no ano passado. Ataques em massa acontecem! O Dr. Vic Peddemors, um
investigador perito em ataques de tubarão, afirma: Nós estudamos todas as
possíveis causas: El Nino, La Nina, a temperatura da água, fontes de alimento,
o índice de oscilação do oceano e nada realmente ficou provado. É uma daquelas
coisas que ainda não tem explicação.
Redes de tubarão sinônimo de segurança: MITO:
Vários ataques foram registrados
em praias com redes de segurança. Este sistema não consegue bloquear totalmente
a entrada de tubarões numa praia, mas ajuda a dificultar essa tarefa.
Os cães atraem tubarões: MITO:
Não há registro de nenhum caso em que um cão tenha sido atacado em vez de um
humano, enquanto nadavam juntos.
Os tubarões são atraídos pela cor: MITO: Um relatório dos anos 70 relatava que
durante uma experiência levada a cabo pela Marinha Americana, um colete
salva-vidas amarelo foi repetidamente atacado por tubarões azuis, outro de cor
vermelha sofreu menos ataques, enquanto que um dispositivo de flutuação
semelhante em preto sofreu apenas dois. Isto levou a que surfistas e
mergulhadores passassem a evitar certas cores e até brincarem com a
frase ”yummy yellow” (amarelo saboroso).
Mas
o professor Nathan Hart, da Universidade de Western Austrália descobriu que os
tubarões apenas possuem um tipo de “célula cone” – responsável pela visão de
cores e é improvável que sejam capazes de distinguir um mundo multicolorido. Os
tubarões são atraídos para alto contraste, em vez de cores.
A urina atrai os ataques de tubarão: MITO: Apesar de muitos surfistas evitarem este ato
dentro de água, não há nenhum estudo que tenha conseguido provar que a urina
atrai os tubarões.
Do
total de espécies, apenas 32, já provocaram algum tipos de acidentes com
humanos e desta somente 15, no litoral do Brasil.
Espécies que provocaram
acidentes no Brasil.
Tintureira
ou tubarão tigre
Cabeça
Chata
Mangona
Serra
garoupa (perigosa ao homem, nadam em grupo)
Tubarão martelo
Tubarão azul
Mako
Galha
preta
Cacão Lixa ( acidentes com manuseio)
Animais selvagens que mais
atacam o homem em todo o planeta.
Cobras/
250.000
Crocodilos/
2.500
Abelhas/
1.250
Elefantes/250
Tubarões/100
Cachorros
4,5 milhões de ataques por ano.
Além da crueldade com esses animais,
existem dados alarmantes sobre o impacto que a extinção dos tubarões pode
causar. Dois terços do nosso planeta são compostos de água e 80% dos seres
vivos encontram-se nos oceanos. Ocupando o topo da cadeia alimentar dos mares,
os tubarões garantem o equilíbrio de todas as populações marinhas. Sem eles,
suas presas se proliferam descontroladamente e os próximos seres da cadeia alimentar
acabam por se extinguir. Quando isso acontece, inicia-se um verdadeiro efeito
dominó, causando um imenso desequilíbrio ambiental.
Quais são as consequências diretas
para o homem? Além da escassez de peixes, moluscos e crustáceos, a extinção dos
tubarões pode afetar até mesmo a produção de oxigênio. Cerca de 70% do oxigênio
que respiramos é produzido por um conjunto de organismos microscópicos chamados
de fitoplâncton, que absorvem gás carbônico e liberam oxigênio. Esses
microorganismos dependem indiretamente dos tubarões, pois com o desequilíbrio
da cadeia alimentar, a proliferação excessiva de animais que se alimentam de
fitoplâncton pode causar a redução na
produção de oxigênio no planeta.
Por Prof. Msc. Edris
Queiroz – biólogo marinho e pesquisador do IBIMM.