História
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A constante transformação da produção histórica traz a humanidade à riqueza de seu autoconhecimento, ou seja, a sua história, é nisto que consiste a função da História.
O estudo das transformações pelas quais passaram as sociedades humanas é a essência da História, isto porque, o homem e as sociedades mudam constantemente, percebemos tais mudanças através do tempo.
A história se coloca próxima de outras áreas do conhecimento que estudam o homem, tais como a sociologia, a antropologia, a geografia, etc. Cada área tem seu enfoque específico, porém uma visão mais ampla e completa que tenta explicar a dimensão que o Homem teve e tem em sociedade, exige a cooperação entre diversas áreas.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é História? 19 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
História
O QUE É HISTÓRIA?
De acordo com Borges, a função da História é fornecer a sociedade uma explicação sobre ela mesma, buscando entender as constantes transformações pelas quais passaram as sociedades humanas.
As transformações constituem a essência da História, pois o historiador tem a finalidade e a preocupação de explicar as mudanças e as permanências que compõem o conflito das ações humanas.
O tempo é a dimensão da analise histórica, pois é através dele que percebemos as mudanças sofridas pela humanidade e assim podemos analisa-las. O tempo histórico não é cronológico, como o definido por relógios e calendários, isto porque as transformações sofridas pelo sujeito histórico (aquele que promove a ação histórica) podem ser rápidas, como ações cotidianas, ou lentas, como mudanças de valores morais.
Num mesmo tempo histórico podem subsistir sociedades vivendo, por exemplo, com grau de tecnologia pré-histórico (como algumas tribos da Nova Zelândia) e sociedades tecnologicamente desenvolvidas, com robôs e naves espaciais, logo, processo histórico não é o mesmo que progresso necessário. Não podemos então definir a história da humanidade como sendo linear e progressiva, pois o desenvolvimento de cada sociedade é único e característico.
Um acontecimento histórico (fato histórico) é lentamente preparado de maneira voluntária ou involuntária, por circunstâncias diversas, e não necessariamente modifica a estrutura da sociedade na qual ocorreu, e ainda não é uma junção de ações separadas, mas sim, um conjunto de comportamentos intimamente interligados com uma razão de ser. (Bezerra, 2003).
De acordo com Bezerra, o processo histórico constitui a prática de organizar e estruturar os registros deixados pelos sujeitos históricos em uma construção cognitiva dos estudiosos.. Tais registros são denominados fontes históricas. O responsável pela análise e interpretação das fontes históricas, com a finalidade de uma construção cognitiva do passado é o historiador.
Portanto o processo histórico não é uma verdade absoluta, pura e acabada, ele é subjetivo, seletivo e dinâmico.
De acordo com Novaes, em História não pode haver nunca a obra definitiva; tudo o que podemos aspirar são aproximações, os juízes da história são sempre os leitores.
A construção histórica esta em constante transformação, pois o fato histórico toma sentido quando é parte do processo histórico, e este último pode ser complementado ou modificado a cada nova pesquisa histórica, com fontes históricas e historiadores diferentes.
O HISTORIADOR
Historiador é o profissional que estuda/pesquisa uma determinada realidade que se passou em um tempo determinado e local preciso, bem como os vários aspectos do passado da humanidade, tais como: economia, cultura, idéias, cotidiano, sociedade, etc.
A primeira tarefa do historiador é situar no tempo e espaço o objeto que ele quer estudar (recorte temporal), posteriormente ele deve selecionar, classificar, relacionar e comparar as fontes históricas por ele utilizadas, para então construir uma explicação histórica.
Para o historiador o conhecimento do passado veio de uma ou mais mentes humanas, foi processado por elas, e, portanto não pode ser absoluto, imutável e impessoal. Logo, cada realidade histórica é única nunca se repetindo de forma igual.
Os interesses do historiador variam no tempo e no espaço, em relação direta com as circunstâncias de suas trajetórias pessoais e com suas identidades culturais. Ser historiador do passado e do presente, além de outras qualidades, sempre exigiu erudição e sensibilidade no tratamento de fontes, pois delas depende a construção a construção convincente de seu discurso. (JANOTTI, 2006)
Portanto as interpretações da História são sempre produtoras de memória, de lembrança ou esquecimento, são instrumentos de identidade, de legitimidade e de poder, reflexos da subjetividade, intenção e seleção de fontes históricas do historiador que a produziu. (GUARINELLO, 2004)
A História, deste modo, nunca se debruçou sobre a história humana como um todo, mas sobre histórias particulares, histórias de ALGO. Sempre estudou histórias específicas inseridas dentro de unidades de sentido (os ALGOS) que conferiam coerência a um corpo de documentos e a uma narrativa, descrição, explicação ou interpretação. (GUARINELLO, 2004)
HISTORIOGRAFIA
Do grego historiographía, -as, a historiografia é a escrita da história, ou seja, o processo de redação de um texto histórico e, simultaneamente, o produto deste processo, a narrativa histórica.
Por exemplo: historiografia brasileira é estudo crítico acerca dos historiadores que produziram textos históricos sobre a sociedade brasileira e suas particularidades.
FONTE HISTÓRICA
Fonte histórica é todo e qualquer tipo de registro e vestígio do passado deixado por sujeitos históricos, que permite a análise, interpretação e reconstrução de um acontecimento ou período histórico.
Tipos de fontes, segundo Abrão:
Fonte primária: é toda fonte escrita (impressa ou manuscrita), oral ou visual que trata do tema investigado de modo direto, às vezes de maneira original ou em primeira mão. Exemplo: quando se estuda o contexto da década de 1920, os jornais, revistas, filmes, depoimentos, livros, teses, documentos oficiais, pinturas, etc, produzidos no período em questão constituem-se fontes primárias.
Fonte secundária: é toda fonte escrita (impressa ou manuscrita), oral ou visual que trata do tema investigado de modo indireto ou em segunda mão. Exemplo: tudo que foi escrito sobre Tucídides (ou sobre a obra A guerra do Peloponeso) constitui-se em fonte secundária. Denomina-se as fontes secundárias também de literatura crítica.
Utiliza-se fontes secundárias para confronta-las com as fontes primárias.
O conceito de fonte primária e secundária pode ser modificado de acordo com a abordagem do trabalho científico, se o objetivo do estudo é a literatura crítica, então esta fonte passa a ser considerada pelo historiador uma fonte primária.
O importante é o pesquisador saber diferenciar os dois tipos de fontes, para não confundir o discurso da época do acontecimento ou período histórico, com o da fonte secundária.
Fonte escrita (manuscritas ou impressas): livro, jornais, periódicos, atas, anais, relatórios governamentais, regulamentos, certidões, cardápios, atestados, leis, decretos, mensagens presidenciais, revistas, dados eleitorais, listas de preços, dados populacionais, orçamentos, prescrições médicas, letras de músicas, registros judiciais, correspondências, roteiros de filmes, diários, memórias.
Fonte material e visual: vestígios arqueológicos, obras de arte, fotografias, caricaturas, cartazes, filmes, mapas, slides, cd-rom, reclame.
Fonte oral: depoimentos, biografias, entrevistas, histórias de vida.
SUJEITO HISTÓRICO
O sujeito histórico é o construtor da história, é aquele que se configura na inter-relação complexa, duradoura e contraditória entre as identidades sociais e pessoais. A História é a construção consciente/inconsciente, paulatina e imperceptível de todos os agentes sociais, individuais ou coletivos, em suas relações sociais no tempo. (BEZERRA, 2003)
TEMPO HISTÓRICO
O tempo é a dimensão da analise histórica, pois é através dele que percebemos as mudanças sofridas pela humanidade e assim podemos analisa-las. O tempo histórico não é cronológico, como o definido por relógios e calendários, isto porque as transformações sofridas pelo sujeito histórico (aquele que promove a ação histórica) podem ser rápidas, como ações cotidianas, ou lentas, como mudanças de valores morais. (BORGES, 1994)
O conceito de tempo pressupõe também que se estabeleçam relações entre continuidade e ruptura, permanências e mudanças/transformações, sucessão e simultaneidade.
Num mesmo tempo histórico podem subsistir sociedades vivendo, por exemplo, com grau de tecnologia pré-histórico (como algumas tribos da Nova Zelândia) e sociedades tecnologicamente desenvolvidas, com robôs e naves espaciais, logo, processo histórico não é o mesmo que progresso necessário. Não podemos, então definir a história da humanidade como sendo linear e progressiva, pois o desenvolvimento de cada sociedade é único e característico.
Deve-se estar atento aos diferentes ritmos do tempo histórico, para que se possa situar a duração dos fenômenos sociais e naturais, ou seja, é a compreensão dos acontecimentos históricos na duração temporal que permite a sua periodização deste. A periodização é fruto das concepções de mundo, de metodologias e ideologias diferenciadas. (BEZERRA, 2003)
É necessário entender muito bem o conceito de tempo histórico para não cometer anacronismos. Anacronismo consiste em atribuir a determinadas sociedades passadas os valores, sentimentos e razões de nossa sociedade atual, e assim, interpretar e analisar as ações de determinada sociedade ou período histórico, com critérios e conceitos de outra época.
PROCESSO HISTÓRICO
O processo histórico constitui a prática de organizar e estruturar os registros deixados pelos sujeitos históricos, em uma construção cognitiva dos estudiosos. O que acarreta na possibilidade de diversas interpretações do passado histórico, dependentes de posicionamentos teóricos e metodológicos diferenciados de cada estudioso. (BEZERRA, 2003)
De acordo com Bezerra, a história criada como processo tem a finalidade de identificar as relações sociais de grupos locais, regionais, nacionais e de outros povos, perceber as diferenças e semelhanças, os conflitos/contradições e as solidariedades, igualdades e desigualdades existentes nas sociedades, comparar problemáticas atuais e de outros momentos, posicionar-se de forma crítica o passado e o presente.
Um acontecimento do passado deve estar inserido no processo histórico, para que o mesmo tenha a função de fato histórico.
FATO HISTÓRICO
O fato histórico é lentamente preparado de maneira voluntária ou involuntária, por circunstâncias diversas, e não necessariamente modifica a estrutura da sociedade na qual ocorreu, e ainda não é uma junção de ações separadas, mas sim, um conjunto de comportamentos intimamente interligados com uma razão de ser. (Bezerra, 2003).
Mas nem todo os fatos sobre o passado são fatos históricos. Os fatos falam apenas quando o historiador os aborda, pois é ele quem decide quais os fatos vem à cena e em que ordem ou contexto. (CARR, 2006)
Bibliografia:
ABRÃO, Janete. Pesquisa e História. Porto Alegra: EDIPUCRS, 2002.
BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In.: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. 19 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
CARR, Edward Hallet. Que é história? 9 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
GUARINELLO, Norberto Luiz. História científica, história contemporânea e história cotidiana. Revista Brasileira História. 2004, vol.24, n.48, pp. 13-38.
JANOTTI, Maria de Lourdes. O livro fontes históricas como fonte. In.: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2006.
NOVAES, Fernando A. Aproximações: estudo de História e Historiografia. COSAC NAIFY, 2005.
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